UMA VIDA CRUEL
Eu ainda pequena e a minha mãe já dizia.
Me lembro como hoje na mesa da cozinha:
Que não havia nada para a gente comer.
E que meu pobre pai, estava prestes a morrer.
Quando ele morreu, eu só chorei de "alegria."
Pois o que meu pai sofria, dava até dó!
E com a dificuldade que a gente passava.
Um sofrimento a menos seria melhor.
A minha pobre mãe chorou de tanta fome.
Na noite em que foi o sono dele velar.
E a nossa velha casa estava tão vazia!
Porque nem nossa cadela foi nos visitar!
Deitado em flores! Meu pai era levado.
Em um caixote velho pra nunca mais voltar.
E no cemitério, o bom coveiro dizia:
Este pobre homem agora vai descansar.
Ao chegarmos em casa e a minha mãe tão cansada.
Com o nó na garganta, tentando falar:
Que a panela ainda estava vazia.
E que não havia nada para a gente jantar.
Com o passar do tempo eu não entendia.
O motivo de tamanha humilhação.
Ao ver a minha mãe em uma enorme fila.
Tentando receber uma simples pensão.
Ao ver a face da pobre coberta de lágrimas.
Depois de lutar tanto por uma negação.
Chorei ao ouvi-la dizer: - Sou Brasileira!
E me orgulho de ser filha dessa rica Nação.
Autora: Angélica Caldeira
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)